Luto Perdas Relações

Divórcio e rompimento de vínculos: consequências e processo de luto

Primeiramente gostaria de deixar bem claro, até mesmo por servir na profissão de ensinar aos meus clientes maneiras de organizar profundamente suas relações nas diferentes nuances da vida, desde se relacionar com você mesma, até  nas relações com o dinheiro, trabalho, casamento, filhos, etc., que eu sou a favor das relações que seguem para o MAIS, com as partes envolvidas em equilíbrio para crescer, e para que ambos os envolvidos estejam saudáveis.  

Também me especializei em rompimentos de vínculos e luto, tanto aqueles simbólicos quanto as mortes concretas, do corpo. Assim, concluo que se tudo que for necessário ser feito não surtir efeito para manter a relação saudável e para o mais, pois numa relação os dois devem entrar em conformidade, o acompanhamento terapêutico é para que, mesmo mediante a ruptura, o processo de divórcio seja o mais leve e menos adoecedor possível para todos os envolvidos, e isso inclui o casal, os filhos (quando houver), os animais de estimação, e toda a família e os amigos que por ventura costumam se relacionar com os cônjuges.

O relacionamento de casal é o que existe de maior e mais importante, pois foi através desta relação que todos nós viemos, e é através dela que a vida é passada adiante. Podemos constatar que os relacionamentos de casais são as condições que dirigem o mundo e o leva avante.

Mas, como se alcança, então, a conexão ou o rompimento?

O que mantém a relação entre as duas partes coesas é o concordar com as diferenças como elas são. Nesse sentido, trabalho aqui com o maior respeito pela relação de casal, e por aquilo que infelizmente alguns dizem, que o homem é diferente da mulher e vice-versa. Justamente por serem tão diferentes, os dois necessitam REconhecer que são incompletos e podem se tornar completos através da relação de casal. Apesar de diferentes, possuem o mesmo valor e estão no mesmo nível ou patamar. À medida que os dois se tornam humildes, podem se unir em uma totalidade maior, e isso simultaneamente os leva a uma REnúncia que os faz crescer.

O divórcio, além de ser um evento legal, representa um rompimento profundo de vínculos emocionais e, dependendo de como é processado, pode significar um luto simbólico, em que os cônjuges e a família vivenciam uma experiência de luto. Este processo pode ser tão doloroso quanto a perda de um ente querido, gerando uma série de consequências na dinâmica familiar, especialmente nos filhos. 

Neste artigo vou explorar as implicações do divórcio na família, as consequências emocionais para os filhos, e como o luto decorrente do rompimento desse vínculo do casal pode ser compreendido e elaborado, para que as partes possam ficar livres e seguirem suas vidas. Se o casal tiver filhos, a condução de tal rompimento pode deixar os filhos livres apesar da separação, ou, por outro lado, os filhos podem ficar emocionalmente prejudicados. Percebe a seriedade do assunto e a REsponsabilidade dos pais nesta situação?

O divórcio afeta todos os membros da família, alterando a estrutura familiar e causando impactos emocionais significativos. É uma instabilidade temporária, mas este tempo de transição está condicionado à reorganização das rotinas e a adaptação a novas realidades de convivência, redefinições de papéis onde os parceiros precisam assumir novos papéis e novas responsabilidades.

Nas dinâmicas sistêmicas, o divórcio representa uma quebra significativa no sistema familiar, o relacionamento do casal desequilibra, e os parceiros se distanciam a tal ponto que chegam a romper a relação. Existem “planos de fundo” inconscientes que podem revelar comportamentos ocultos que precisam ser abordados para que o casal encontre um novo equilíbrio. Alguns desses “planos de fundo” incluem muitas vezes, um dos cônjuges sentir-se excluído ou marginalizado, o que pode levar a sentimentos de rejeição e desvalorização. A não reintegração desse parceiro ao sistema, reconhecendo seu valor e importância, leva ao desequilíbrio, podendo chegar ao divórcio.

No processo de divórcio é comum que os cônjuges transfiram culpa e responsabilidade um para o outro. Porém, se cada um REconhecer e aceitar a parte de responsabilidade que lhe cabe na relação e na separação, é possível alcançar uma REconciliação interna que favorece o bem-estar de todos os envolvidos, mesmo que estejam divorciados. 

Os filhos, em particular, podem carregar lealdades invisíveis aos pais, manifestando comportamentos e padrões que REfletem os conflitos não resolvidos dos adultos. Ao trazer essas dinâmicas à luz pela terapia sistêmica familiar, é possível liberar essas lealdades, permitindo que os filhos cresçam e se desenvolvam emocionalmente de maneira saudável, sem sequelas do rompimento.

A terapia sistêmica também oferece a possibilidade de resolução dos conflitos do casal e familiares, assim como para a elaboração do luto simbólico do divórcio, um efeito prático organizador e crucial para que cada membro da família encontre seu lugar no sistema familiar e que as ordens do amor sejam respeitadas, ou melhor, que as leis naturais que regem as relações sejam internamente percebidas e colocadas na vida prática pelos membros das famílias.

REconhecer a importância do ex-cônjuge,  valorizando o papel que ele teve na família e na vida dos filhos, na relação amorosa que um dia começou, pode ser uma direção respeitosa para liberar-se de amarras emocionais negativas. Trabalhar para transformar sentimentos de culpa, raiva e ressentimento em aceitação, concordância e gratidão, buscando formas de resolver conflitos de maneira pacífica e respeitosa, sem desresponsabilizar ninguém, e focando no bem-estar, tende a levar todos a um caminho sadio.

A ideia é elaborar o divórcio de maneira benéfica e REconciliatória. Algumas práticas são necessárias para que, embora  doloroso, o processo de divórcio possa ser uma oportunidade para crescimento pessoal e fortalecimento das relações familiares, desde que seja abordado com compreensão, respeito, apoio adequado, e na boa postura aprendida com a inteligência sistêmica.

Buscar apoio terapêutico para lidar com as emoções e REconstruir a vida após o divórcio,  REestabelecer e/ou manter rotinas para proporcionar um senso de normalidade e segurança, especialmente para os filhos, manter a comunicação aberta e respeitosa com um diálogo amoroso entre os ex-cônjuges, focando nas necessidades e no bem-estar coletivo, também contar com o suporte de familiares e amigos, ajuda no processo de adaptação.

A inteligência sistêmica, oferece uma abordagem inovadora e profunda para compreender os relacionamentos e os conflitos que surgem dentro das famílias. Neste contexto, os relacionamentos de casal e o divórcio são vistos através de uma lente que enfatiza a importância das dinâmicas sistêmicas e das ordens do amor, as tais leis naturais que regem os relacionamentos. Com a ajuda da inteligência sistêmica, pode iluminar os desafios e as oportunidades de crescimento presentes nos relacionamentos e na dissolução desses vínculos.

Para as relações humanas há forças ocultas e dinâmicas inconscientes que influenciam nossas interações e decisões. No contexto de um relacionamento de casal, uma dessas forças é o equilíbrio entre o Dar e o Receber. Na prática, deve haver um equilíbrio entre o que é dado e o que é recebido. Quando esse equilíbrio é perturbado, surgem ressentimentos e tensões.

A inteligência sistêmica não apenas identifica as dinâmicas problemáticas, mas também oferece caminhos para a reconciliação e o crescimento pessoal, incluindo reconhecer o papel e a contribuição de cada cônjuge no relacionamento. É fundamental valorizar os momentos bons e difíceis, aceitando que ambos tiveram sua importância e que o fim do relacionamento não diminui o valor da história compartilhada.

Respeitar as ordens do amor implica em reconhecer a hierarquia natural e o direito de pertencimento de todos os membros da família. No contexto do divórcio, isso significa garantir que os filhos mantenham uma relação saudável e equilibrada com ambos os pais. O homem e a mulher podem romper seu relacionamento de casal, mas os pais jamais se separam dos filhos.

Através da terapia com inteligência sistêmica, é possível identificar e liberar lealdades inconscientes que os filhos possam estar carregando. Isso permite que eles se sintam livres para seguir seu próprio caminho, sem carregar os fardos emocionais dos pais. Assim como o equilíbrio entre o Dar e o Receber no divórcio, repito: é crucial restaurar o equilíbrio entre o que foi dado e o que foi e recebido. Isso pode envolver expressar gratidão pelos momentos compartilhados e permitir que cada um siga em frente sem dívidas emocionais pendentes.

Sob o olhar da inteligência sistêmica, o relacionamento de casal e o divórcio são vistos como partes de um sistema maior, onde as dinâmicas ocultas e as leis naturais do amor desempenham um papel crucial. Ao abordar essas questões com consciência e respeito, é possível transformar o divórcio, uma experiência dolorosa, em uma oportunidade de crescimento e REconciliação. Os exercícios sistêmicos oferecem uma ferramenta poderosa para restaurar a harmonia, o equilíbrio, e a percepção ampla da relação, permitindo que todos os membros da família encontrem seu lugar e sigam em frente de maneira saudável e integrada.

A abordagem não apenas ajuda a curar as feridas do passado, mas também promove um futuro onde o amor e o respeito podem florescer, mesmo após a dissolução de um casamento.

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