Ao mergulharmos no processo de luto, iniciamos uma jornada de perdas significativas, confrontando conflitos internos e externos. A dor pode se tornar um campo de batalha, gerando sofrimento. O luto não se limita à morte física; perdas simbólicas também desencadeiam conflitos internos e desordens. Cada luto é singular e pertence a quem o vivencia.
Essa luta permeia conflitos internos, estendendo-se aos relacionamentos externos, impactando a vida prática em diversos âmbitos. É uma crise generalizada, enfrentada com os recursos disponíveis. Estratégias de enfrentamento surgem para lidar com as dificuldades que a morte traz consigo.
No contexto brasileiro, muitas vezes, não reconhecemos a morte como parte integrante da vida. A morte é percebida como algo “ruim”, e evitamos lidar com ela. Mesmo profissionais que lidam com enlutados são considerados mórbidos. O luto não é uma doença, mas uma resposta natural à perda significativa na vida de alguém.
O coração sente a dolorosa separação daquilo que não existe mais fisicamente, exigindo tempo para se reconstruir de maneira diferente. Cada indivíduo tem seu próprio “espaço-tempo” para REssignificar a vida, encarar a realidade e construir um significado que reconheça o vínculo de amor que perdura.
Minha experiência pessoal com lutos intensos me colocou em uma luta interna entre viver e morrer. A constante ruminação da falta física dos entes queridos me fez desejar segui-los na morte. Demorei anos para parar de lutar, aceitar as mudanças em mim e encontrar um novo espaço para aqueles que amo viverem em mim de uma forma diferente.
Após quase uma década, ao vivenciar um novo luto, decidi parar de lutar. Aceitei o destino de meus entes queridos e parei de lutar contra empresas e injustiças. Recuei na humildade, disposta a me reconciliar com meu próprio destino, curar a dor e o sofrimento contínuo. Estava em sobrevida e precisava me libertar, acolher meus sentimentos e acomodá-los num espaço essencial e espiritual. REorganizar para REgenerar!
