Inteligência Sistêmica Luto

Elaborando o Luto: Uma Jornada Pessoal de Reconstrução após Perdas Significativas

Todos nós, seres humanos, em algum momento de nossas vidas, passamos por experiências de perda ou sabemos que esse dia irá chegar. Ao vivenciarmos uma perda significativa, somos desafiados a nos adaptar às mudanças que ela impõe.

O que era conhecido, rotineiro e seguro se transforma, criando um novo mundo repleto de impactos adversos. A insegurança e o medo frequentemente nos acompanham nesse período complexo. O luto surge como uma reação natural a essas perdas importantes, desafiando nosso mundo presumido.

Neste processo de luto, uma mistura de emoções intensas surge. Tensão, inquietude, ansiedade e indecisão se manifestam. Estamos em crise, abalados pela dor da interrupção, e lidar com algo inesperado pode gerar angústia, medo e diversas outras reações.

O luto não é algo a ser superado, não é uma doença e não segue fases pré-determinadas. Como sabiamente escrito por Lacombe Et Son: “Não há nenhum livro de regras. Não há nenhuma escala de tempo. O luto é tão individual como uma impressão digital.”

O essencial é ter um olhar delicado para cada enlutado, priorizando as nuances singulares de cada pessoa. Cada indivíduo reflete aspectos únicos de suas relações, laços afetivos e histórias presentes.

Cada enlutado, mesmo silenciado pela tristeza, busca suporte e cuidado adaptados às suas necessidades. Facilitar esse caminho com amor e oferecer um espaço de acolhimento pode ajudar o enlutado a reescrever sua nova trajetória.

O luto não se restringe à morte de um ente querido; pode ser uma resposta a várias perdas, como o fim de um relacionamento, divórcio, perda de emprego, adoecimento, morte de um animal de estimação, mudanças na vida cotidiana, a perda de uma função, entre outras. A sensação de vazio é constante nesse período.

Composto por fatores físicos, emocionais, psicológicos e sociais, o luto interfere na reestruturação do enlutado. Sintomas físicos, alterações na qualidade do sono, disfunções alimentares, tensões musculares, entre outros, podem abalar a qualidade de vida como um todo.

Reitero que o luto é um território sagrado que se expressa de maneira única conforme a relação, circunstâncias e consequências da perda. A principal dificuldade enfrentada pela pessoa enlutada é a falta de suporte emocional e psicológico adequado.

O processo de luto não deve ser encarado como uma fraqueza, mas como uma necessidade psicológica a ser cuidada. Minha missão é promover a psicoeducação sobre o luto, oferecendo suporte, diálogo, adaptação e cuidado adequado, sem causar danos aos enlutados.

Hoje, dedico meu serviço aos enlutados, buscando ser testemunha dessa troca e ajudando-os a regar novamente seus jardins para que um novo sentido de vida possa REnascer. – Renata Campos 

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