Luto Perdas Relações

Os 7 Primeiros Dias de Luto Intenso: O Que Fazer?

O luto é uma jornada pessoal e única que cada um de nós enfrenta de maneiras diferentes. Os primeiros dias após a perda de um ente querido são frequentemente descritos como um turbilhão de emoções, sentimentos e pensamentos, choque, tristeza, incredulidade, confusão e, por vezes, até alívio. Neste período inicial, é comum sentir-se perdida, desorientada e sem saber como seguir em frente.

Luto é bagunça, e essa reação imediata a morte ou perda de algo significativamente importante para você vai causar um impacto em várias dimensões da sua vida. O que era antes da ruptura pode se modificar para um “novo” que se coloca sem pedir licença e torna tudo caótico e inseguro na sua rotina de vida.

Então aqui, vamos explorar juntas, dia a dia, maneiras de lidar com esse período delicado, promovendo o cuidado emocional, a conexão familiar e a autocompaixão. Compreender o processo de luto que você está passando, te ajuda a compreendê-lo, te oferecendo autonomia para o que pode ser passível de alcançar. Lembre-se: não existe uma forma certa ou errada de viver o luto: há apenas o seu jeito, e este guia está aqui para ajudar você a encontrar o seu caminho.

Dia 1: Permita-se Sentir

O primeiro dia após a perda é na maioria das vezes o mais confuso, é um navegar, o Início da Dor. Este dia UM, com frequência, é um mergulho nas águas mais turvas e desconhecidas do nosso ser, um encontro súbito, ou até mesmo esperado há algum tempo, mas é um vasto oceano de dor. É o início de uma jornada por territórios inexplorados, onde cada passo é incerto, cada sensação é uma revelação descontínua de emoções e sentimentos, pensamentos e elucubrações. Esse primeiro dia, como o próprio nome sugere, é a primeira dança com o que é completamente desconhecido, um estranho que se revela de forma arrebatadora. Cada luto, por mais que você já tenha vivenciado esse processo anteriormente, é uma impressão digital, e não deve ser comparado a nada (nem mesmo a um luto anterior).

Por vezes, é o encontro com o “desconhecido do desconhecido”, uma realidade para a qual nunca fomos preparadas. O primeiro contato com a morte, seja ela concreta ou simbólica, seja ela a perda de um ente querido, ou seja ela a perda de um objeto, é um mistério que nunca imaginamos precisar desvendar. Para muitos, é algo sobre o qual jamais se falou na família, e certamente não se aprende nas lições formais da escola. E assim, o que antes nunca fora percebido pelo coração, surge de repente, com uma vastidão imensa, implacável, que nos abraça e nos envolve. 

Nesse dia, o mundo se revela maior e mais profundo do que jamais imaginamos, e a alma, antes segura em suas certezas, se vê à deriva, acasalada com amplidão inexplorada, tentando encontrar um novo norte em meio a essa imensidão que, de repente ou não, se fez presente.

Esse é um dia para permitir que todas as emoções estejam presentes sem julgamento, deixando que as lágrimas caiam sem culpa, que o grito silencioso do coração encontre seu eco na vastidão do seu próprio ser. É um dia para acolher a confusão, de abraçar o desconhecido que se revela em cada sensação, e de entender que, nesse primeiro encontro com a dor, cada sentimento, por mais intenso ou contraditório que seja, tem o seu lugar e o seu motivo. É um dia para respirar fundo, mesmo que o ar pareça rarefeito, e simplesmente existir, em toda a profundidade de sua humanidade ferida.

O luto é uma resposta natural à perda de um vínculo significativo. Não se exija clareza ou controle neste momento. Simplesmente respire e permita-se sentir o que quer que surja. Envolva-se com familiares ou amigos próximos que possam oferecer apoio sem pressionar. Lembre-se: é normal sentir-se perdido e, em muitos casos, até emocionalmente anestesiado. Isso faz parte do processo. Não tente suprimir as emoções; elas são normais. Não exija de si qualquer aceitação, apenas esteja com o que é.

Dia 2: Encontre um Espaço Seguro

Hoje, procure um espaço seguro, seja físico ou emocional, onde você possa se sentir acolhida. Pode ser um local tranquilo em sua casa, um jardim, ou o abraço de alguém que você ama. O luto exige um ambiente onde você se sinta protegido para explorar suas emoções sem medo de julgamento.

No segundo dia após a perda, o mundo ainda parece estranho e distante, como se estivesse coberto por um véu nebuloso de tristeza. Nesse momento, é essencial procurar um refúgio, um espaço seguro onde seu coração possa repousar. Talvez seja um canto tranquilo da sua casa, onde a luz do sol entra suavemente pela janela e acaricia seu rosto, ou talvez seja um jardim, onde o perfume das flores e o sussurro do vento nas folhas possam oferecer um consolo silencioso. 

Pode ser também o abraço caloroso de alguém que você ama, um porto seguro onde suas lágrimas podem cair livremente, sem a necessidade de palavras ou explicações. O luto pede um abrigo, um lugar onde você possa se entregar às suas emoções, onde a dor possa se derramar como um rio que encontra o mar, sem medo de se perder ou de ser julgada.

Permita-se conversar com alguém de confiança sobre seus sentimentos ou simplesmente ficar em silêncio, sentindo a presença de outro ser humano. Se preferir estar só, use esse tempo para meditar, escrever algo num diário, ou apenas refletir e coexistir. Ainda assim, vale dizer que a conexão com um lugar ou pessoa que lhe traga segurança pode ser extremamente reconfortante nesse momento de vulnerabilidade.

Dia 3: Aceite o Ritmo Natural do Luto

O terceiro dia pode trazer uma sensação de maior conscientização sobre a perda. À medida que o choque inicial diminui, é normal que a dor emocional comece a se manifestar de forma mais intensa. A perda começa a ser experienciada, e sugere que o processo de luto seja fluido e único para cada indivíduo.

A névoa que cobria o horizonte começa a se dissipar, e a perda ganha contornos mais definidos, como um desenho que surge aos poucos na tela da vida. O choque inicial se suaviza, e a dor começa a emergir com mais nitidez, preenchendo os espaços vazios com sua presença silenciosa. Neste momento, a ausência se torna mais real, mais palpável, e o coração sente o peso da partida com uma intensidade que talvez não tenha sentido antes.

Este é um dia para acolher essa nova consciência que desperta dentro de você, para permitir que a dor dance livremente em seu ser. O luto, como um rio, é fluido e encontra seu próprio caminho, cada curva, cada desvio é único, pessoal, singular. Não há um “jeito certo” de sentir, apenas o seu jeito, o seu ritmo, o seu tempo.

Hoje, pratique a autocompaixão como um ato de profundo cuidado consigo mesma. Seja gentil com suas emoções, como quem acaricia uma flor frágil. Não se cobre por estar “bem” ou por reagir de uma determinada maneira. Lembre-se de que todas as emoções, desde a tristeza mais profunda até a raiva mais aguda, desde a saudade mais terna até a paz repentina, são partes legítimas da sua travessia pelo luto. Cada sentimento carrega seu propósito, e cada lágrima derramada possui seu valor. E, se as lágrimas não vierem, não se condene; o torpor e a ausência de emoções também podem se fazer presentes. Muitas vezes, aqueles que experimentam esse estado de entorpecimento são injustamente julgados, como se a falta de lágrimas significasse a falta de amor ou de dor. 

Permita-se ser um porto seguro para si mesma, aceitando o que vier com a serenidade de quem sabe que cada emoção é um convite para o crescimento. E assim, aos poucos, o luto se transforma em uma trilha que, apesar de árdua, pode levar a um lugar de maior compreensão e conexão consigo mesma.

Lembre-se de que todas as emoções são válidas e fazem parte do processo de elaboração do luto. Converse consigo mesma com gentileza e procure descansar!

Dia 4: Conecte-se com a sua consciência

Hoje vale o convite para você se conectar com a essência do seu ser e reconhecer a profundidade da jornada que você está atravessando. Permita-se olhar para as memórias do ente querido que partiu, revisitar sua própria história e perceber como essa experiência ressoa dentro de você. Compreender o luto, ainda que de forma suave, pode trazer uma clareza reconfortante, diminuindo o sofrimento que não precisa ser vivido. O luto saudável é uma dança delicada entre enfrentar a dor e permitir-se vivê-la, integrando, dia após dia, as lembranças, sejam elas doces ou desafiadoras, com a realidade da ausência, e o encontro com o novo. É importante lembrar que é uma ilusão acreditar que qualquer relação, mesmo com quem amamos profundamente, seja sempre perfeita. A morte não apaga nossas experiências com o outro; na verdade, oferece a oportunidade de uma reconciliação íntima com o que não foi resolvido ou plenamente vivido. Esse processo de integrar o que foi bom e o que foi doloroso, tudo faz parte do crescimento que o luto pode trazer. O luto é composto pela história desta relação, o que aconteceu até a morte chegar. 

Não se culpe pelo que não pôde ser vivido ou realizado com a pessoa querida, ou o que se perdeu. O que não aconteceu faz parte do ontem, e o ontem não pode ser mudado; ele existe apenas como um mestre silencioso, oferecendo lições para que possamos aprender, não lamentar. Sentir tristeza pelo que não foi é uma reação comum no luto, mas o lamento constante apenas aprofunda a dor, especialmente em um momento tão sensível. Permita-se concordar gentilmente com o seu passado, reconhecendo que ele é imutável, mas que você pode acolhê-lo com compaixão e sabedoria. Nosso passado é grandioso, seja ele como foi, e é só por causa dele que podemos ter a chance de mudar algo no nosso presente. Esse ato de aceitação não apenas acalma o coração no presente, mas também abre espaço para uma caminhada mais leve no futuro.

O luto saudável envolve um processo de “oscilação” entre enfrentar a perda e NÃO evitar a dor, neste começo imagine-se em um vasto oceano, navegando em um pequeno barco. O luto, em seus primeiros dias, é como uma tempestade inesperada. As ondas são altas, o vento sopra forte, e o barco é sacudido de um lado para o outro. Há momentos em que a água parece calma, e outros em que o mar se agita intensamente. É um navegar constante entre o medo e a esperança, a dor e a aceitação. Assim como um marinheiro aprende a não lutar contra as ondas, mas a se mover com elas, o luto saudável envolve permitir-se ser levado por essas marés emocionais, às vezes encarando a dor de frente, outras vezes descansando nas águas mais tranquilas da memória e do afeto. Esta dança entre enfrentar e acolher é o que, pouco a pouco, nos ensina a navegar de maneira mais segura nesse mar desconhecido.

Dia 5: Cuide de Seu Corpo e de Sua Mente

No quinto dia, permita-se um momento de pausa para ouvir seu corpo, que também sente a dor da perda. O luto se manifesta não apenas na mente e no coração, mas em cada célula, trazendo consigo uma série de reações físicas, talvez uma sensação de cansaço profundo, dores no corpo, falta de apetite ou noites sem sono. Cuidar de si mesmo não é apenas um ato de gentileza, mas uma parte essencial desse processo de cura.

Convide seu corpo a sentir-se acolhido e nutrido: beba água em goles tranquilos, como se estivesse oferecendo um carinho ao seu interior; escolha alimentos que nutram, que tragam conforto e suavidade, respeitando o que seu paladar e seu estômago possam acolher. Se o seu corpo permitir, tente movimentá-lo suavemente, seja com uma caminhada tranquila, alongamentos gentis, ou apenas alguns passos pela casa. E, se o sono vier, não o rejeite; mesmo que sejam apenas alguns minutos de descanso, ele pode ser um porto seguro para restaurar sua energia emocional e física. Respeite cada sinal que seu corpo dá, ele é um aliado nessa jornada, e merece todo o cuidado e carinho que você pode oferecer.

O luto não é apenas uma experiência emocional ou psicológica; ele também se manifesta intensamente na dimensão física do ser. Quando alguém que amamos se vai, o corpo reage como se tivesse sofrido um golpe inesperado. A dor da perda pode ser sentida nos músculos que se tensionam, nas articulações que parecem mais rígidas, ou no coração que bate com mais força ou, às vezes, de forma irregular. É comum sentir uma exaustão profunda, como se o peso da ausência se alojasse nos ombros, tornando o simples ato de levantar-se da cama uma tarefa árdua.

Além disso, o luto pode trazer consigo mudanças nos padrões de sono. Algumas pessoas têm dificuldade em dormir, sentem-se agitadas durante a noite, acordando repetidamente com pensamentos que não se aquietam. Outras podem sentir uma sonolência constante, como se o corpo estivesse buscando, no sono, um refúgio seguro para escapar temporariamente da dor. Também é frequente que o apetite se altere, a comida pode perder o sabor, parecer sem graça, ou, ao contrário, algumas pessoas podem buscar alimentos reconfortantes, como se estivessem procurando saciar uma fome que vai além do físico.

A dor física do luto pode aparecer na forma de dores de cabeça, náuseas, palpitações, sensação de aperto no peito ou falta de ar. O corpo reflete o coração ferido; é como se cada parte de nós estivesse em luto, tentando processar o impacto da perda. As tensões musculares e os desconfortos corporais muitas vezes representam emoções não expressas, como a tristeza ou a raiva, que se alojam em nosso corpo quando não encontramos uma saída por meio das palavras ou das lágrimas.

Por isso, é essencial cuidar de seu corpo com a mesma compaixão que se deve ter ao cuidar de suas emoções. Entender que o corpo também sente e sofre com o luto é um passo importante para permitir que ele se cure e, aos poucos, recupere seu equilíbrio. O luto pede uma escuta atenta e gentil aos sinais que o corpo envia, pedindo paciência, cuidado, e, acima de tudo, amor.

Dia 6: Encontre Conforto na Conexão Familiar

A perda de um ente querido é como uma pedra lançada em um lago tranquilo: suas ondas tocam cada margem, afetando todo o sistema familiar. Hoje, reserve um momento para se conectar com aqueles que, como você, sentem a ausência em seus corações. Pense na família ou nas pessoas que compartilham essa dor como um círculo de apoio em que cada mão segurando a outra forma uma corrente de afeto e segurança. O sistema familiar pode ser um bálsamo precioso, um espaço onde todos encontram apoio mútuo e se permitem expressar suas emoções de forma sincera e acolhedora. Se não encontrar apoio no núcleo familiar, procure amigos, grupos direcionados para enlutados, uma outra rede de apoio; que seja via internet, para ser acolhida, isso pode te dar amparo. Pessoas enlutadas, principalmente os idosos e as crianças, se sentem muito vulneráveis e desamparadas no caminho do luto, o que inevitavelmente agrava o processo.

Converse com o coração aberto, compartilhe histórias como quem troca pedaços de uma colcha de retalhos de memórias, permitindo que as lágrimas sejam o fio que costura esses retalhos. Ou, simplesmente, fiquem em silêncio, permitindo que a presença de cada um seja um porto seguro no meio da tempestade. O importante é que estejam verdadeiramente presentes, oferecendo o melhor que têm: sua disponibilidade física, seu abraço, seu olhar compreensivo, sua escuta atenta, amorosa e compassiva. Quando nos damos conta de que não estamos sozinhos em nossa dor, um alívio suave pode se espalhar, e os laços que nos unem se tornam mais fortes e mais ternos.

A conexão saudável nos relacionamentos familiares pode ajudar a todos os integrantes do clã, em que cada membro carrega a sua própria dor, seu próprio ritmo de sentir e lidar com a perda. Quando uma pessoa querida parte, não é apenas um coração que se despedaça, mas o tecido familiar inteiro que se vê repentinamente reconfigurado. Nesse emaranhado de emoções, é natural que cada um encontre um caminho próprio para caminhar por essa paisagem de tristeza, alguns podem querer falar sobre a pessoa que se foi a todo momento, enquanto outros preferem o silêncio contemplativo, o respiro da introspecção.

Apoiar uns aos outros no luto significa respeitar esses diferentes modos de navegar pela ausência. É como andar lado a lado em uma trilha montanhosa, sabendo que, às vezes, um de vocês precisará parar para tomar fôlego, enquanto outro sentirá a necessidade de seguir adiante. O apoio mútuo vem do entendimento de que não há maneira certa ou errada de sentir, apenas maneiras diferentes. E todas são válidas.

Em momentos assim, é essencial evitar a tentação de comparar processos, de medir o luto do outro pela régua do seu próprio. Cada um está lidando com o que tem em seu próprio tempo e de acordo com suas próprias forças. Em vez de esperar que todos vivam a dor da mesma forma, o ideal é oferecer um espaço de acolhimento, onde cada um possa expressar seus sentimentos sem medo de julgamentos, onde lágrimas, risos e silêncios sejam igualmente aceitos.

Apoiar, portanto, não é tentar tirar o outro da dor rapidamente, mas oferecer presença, escuta ativa e compreensão, reconhecendo que cada um tem seu próprio ritmo de cura. É como ser uma árvore sólida bem enraizada ao lado de outra árvore em um vendaval, não tentando parar o vento, mas oferecendo sombra, abrigo e um tronco em que o outro possa se apoiar se precisar. As árvores podem balançar, ficar quase sem folhas neste vendaval, mas ela não tomba por completo, e se tombar que seja levada às pressas, com muito carinho e empatia, para ser replantada.

É muito importante lembrar que, em meio ao luto, o cuidado mútuo também inclui respeitar os próprios limites. Não se esgote tentando carregar a dor do outro, mas esteja lá, pronto para oferecer um ombro, um ouvido atento, um olhar de compreensão. A jornada do luto é única para cada um, mas saber que existem mãos estendidas ao longo do caminho faz toda a diferença. É esse equilíbrio delicado entre cuidar do outro e se cuidar que mantém a família unida, fortalecida pela compreensão de que todos, à sua maneira, estão tentando atravessar o mesmo rio turbulento.

No caminho do luto no cerne familiar, há momentos de reflexão e desafios a serem enfrentados, que envolvem tanto o coração quanto a mente. É preciso, com o tempo e com muita delicadeza, aceitar a realidade da perda, perceber as mudanças que ela traz ao dia a dia e aprender a viver nessas novas circunstâncias. Cada pessoa tem seu tempo para compreender como seguir adiante, especialmente quando aquele que partiu desempenhava um papel importante na rotina familiar. A família, então, se reúne, com amor e paciência, para aprender e se adaptar, preenchendo as lacunas deixadas e encontrando novas formas de apoiar uns aos outros.

Dia 7: Pratique o Ato de Honrar

No sétimo dia, considere criar um pequeno ritual para honrar a memória do seu ente querido. Criar rituais ou atos simbólicos pode ajudar a integrar a perda em sua narrativa de vida, oferecendo um senso de continuidade e significado.

Esse ritual não precisa ser complexo, pode começar dando pequenos passos, mas são passos da mesma forma, devagar e sempre, sem atropelar e se colocar em risco. Pode acender uma vela, plantar uma árvore, escrever uma carta, ou fazer uma oração. O importante é que esse pequenino passo reflita o amor e a conexão que você sente. Honrar a memória de quem partiu é uma maneira de celebrar a vida que foi vivida, enquanto permite que você se mova, aos poucos, em direção a uma nova forma de continuar.

A palavra “honra” tem origem no latim honorou, de Honos, que significa “respeito, dignidade, glória, distinção”. Este termo estava intimamente relacionado ao prestígio, à virtude e à reputação de uma pessoa na sociedade romana. A “honra” era vista como um dos valores centrais que definiam a posição e o respeito de um indivíduo na comunidade, muitas vezes associado a atos de coragem, moralidade, e cumprimento do dever.

Ao longo do tempo, “honra” manteve esses significados, referindo-se ao respeito e à consideração que se dá ou se recebe devido à dignidade pessoal. Assim, “honrar” quem se foi também é reconhecer o amor da pessoa em você, ou seja, fazer algo “bom” da sua vida, também é honrar quem se foi, pois afinal, quem realmente ama não quer ver o outro sofrendo por ela todo o tempo, isso seria autossacrifício, não honrar a memória do ente querido que morreu em você!

Aqui pode-se iniciar um processo em que você vai internalizando o que seria realmente honrar a vida de quem não mais pode viver aqui neste plano. Isso te ajudará a continuar a representar um valor amoroso importante no seu próprio ser de seu ente falecido, associado à integridade de ambos.

Os primeiros sete dias de luto são intensos e muitas vezes desafiadores, mas também representam o início de um caminho de elaboração. Lembre-se de que cada passo, por menor que pareça, é um passo em direção ao acolhimento da dor e à construção de um novo significado para a sua vida. Permita-se sentir, conectar-se, e, acima de tudo, cuidar de si mesmo com compaixão. Não há pressa para o luto, cada um tem seu próprio tempo e modo de lidar com a perda. Honre o seu tempo, confie em seu processo, e saiba que você não está sozinho. 

Se perceber que está muito fora da sua realidade e com sintomas disfuncionais, é necessário pedir ajuda para alguém de sua confiança. No luto, até as relações com quem tínhamos confiança podem romper nesta instabilidade de tudo. Procure, se tiver dúvidas, não fazer escolhas precipitadas e esperar passar um pouco de tempo para ter o mínimo centramento para tomar decisões mais assertivas. É provável que na sua jornada de luto apareçam pessoas que não vão te acrescentar nenhuma ajuda efetiva. 

Concluir o processo de luto é algo que, muitas vezes, não conseguimos fazer sozinhos. É um caminho cheio de altos e baixos, marcado por emoções intensas e momentos desafiadores. Nesse percurso, a ajuda de uma terapeuta especializada em luto pode ser fundamental para atravessar os dias mais difíceis com mais leveza e clareza. 

A terapia especializada em luto oferece um espaço seguro para expressar sentimentos, compreender as próprias emoções e, gradualmente, aprender a lidar com a perda de uma maneira mais saudável. Através do suporte terapêutico, é possível encontrar novas formas de se conectar consigo mesma e com o mundo ao redor, ressignificando a ausência e encontrando uma nova perspectiva para seguir adiante. 

Contar com o apoio de uma terapeuta especializada em luto não apenas valida a dor sentida, mas também oferece ferramentas e estratégias para enfrentar o processo de luto, promovendo um acolhimento que é essencial para a cura emocional. A terapia é, portanto, um convite à compaixão consigo mesma, uma mão amiga que ajuda a transformar a dor em um novo significado, possibilitando, aos poucos, que o amor pela vida renasça.

Este guia não é um caminho definitivo, mas uma mão estendida para te ajudar a encontrar consolo e apoio nos primeiros dias de uma jornada que é exclusivamente sua.

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