Não seria exagero dizer que todas as pessoas buscam ter conforto e saúde mental em suas vidas. “Aquela velha opinião formada sobre tudo”, sobre o que é ser feliz. Será que tem como alcançar a felicidade? O que seria, exatamente, ser feliz?
Eu particularmente, em minha experiência de vida real, pessoal e profissional, com tantos desafios que foram transformados em boas oportunidades, afirmo que SIM, é possível ter uma jornada de crescimento visando a saúde mental positiva e uma inteligência relacional sistêmica. Mais a frente vou explicar melhor, mas já adianto que uma descoberta de aprendizados pode mudar sua vida para sempre, e assim você pode obter a tão sonhada felicidade.
Você pode estimar seu nível de felicidade identificando sua estabilidade, identificando, por exemplo, o tempo aproximado que leva para você voltar ao normal após uma perturbação forte. Perceba se a sua engrenagem de relacionamentos está funcional e sadia. Vale esclarecer que as pessoas com as quais nos relacionamos, em primeira instância, são os nossos pais. Somos uma misturinha deles, carregamos não apenas as características físicas, mas a essência de cada um deles. Então, se a nossa relação primária não está organizada, não conseguimos confiar nas pessoas na vida adulta e, consequentemente, as trocas que gerariam abundância ficam, na verdade, mais escassas.
Assim, a (tão, tão distante) felicidade do ser é, nada mais, nada menos, do que um estado mental, físico e espiritual em que alcançamos uma ressonância harmônica saudável entre estes três sistemas até bastante simples, o mental, o físico, e o espiritual. O difícil, na verdade, é fazer com que todos os três estejam sempre reverberando em conformidade. Para que os estados mental e físico atinjam uma consonância positiva e salutar, precisamos REconectar a nossa alma, o nosso espírito, com a nossa origem familiar, que é de onde viemos e a quem devemos a vida, os nossos pais. A vida chega até nós através deles, e se você sente que foi “bom” ou “ruim”, o fato é que a recebeu de graça! E por mais duro que isso possa parecer, se não honramos nossas origens, ficamos vazios do amor que nos nutre para o fluxo da vida! Assim, consequentemente, todas as relações que vêm a seguir (profissional, conjugal, social) ficam comprometidas e instáveis.
A gente acha que é um bom decisor sobre as instâncias da nossa própria vida, mas na primeira percepção de que as coisas não saíram tão bem quanto a gente imaginava, levamos o maior tapa na cara, e a vida não usa luva de pelica, não!
Somos seres relacionais, nos relacionamos o tempo todo conosco, com o nosso “eu” interior (ou deveríamos), com os nossos pais, os nossos irmãos, com os nossos parceiros e filhos, com os nossos amigos e colegas de trabalho, enfim, vivemos porque nos relacionamos. Com quem amamos ou até mesmo detestamos, com quem está vivo e com quem já morreu, nos relacionamos de alguma maneira. Sentimos saudades, tristeza, raiva ou alegria quando lembramos daquela pessoa que esteve aqui conosco e agora não está mais da mesma maneira como sentimos daqueles que estão vivos e com quem convivemos todos os dias, não é mesmo?
O fato é que, independentemente do que a vida coloca em nosso caminho, podemos ter recursos internos para lidar com tudo e com todos, de maneira assertiva e reparadora, sem adoecer, estando preenchidos do amor de nossos vínculos de sangue familiar. Assim, adentramos num equilíbrio com a realidade que nos possibilita sermos livres para tomar decisões. Você se torna original, respeita as suas raízes e respeita as pessoas como elas são, entrando em consonância com uma consciência maior, expandida. A partir de então, e cada vez mais, consegue estar em equilíbrio e manter sua saúde mental, física e espiritual, em congruência, e ser feliz!
É nesse ponto crucial que podemos chegar ao conceito de emaranhamento. Estamos vivendo emaranhados em relacionamentos. Estamos envolvidos em ecossistemas naturais de todo tamanho: o universo UNO, toda a natureza mineral, vegetal e animal. Além do mais, nosso ecossistema da psique nos torna humanos inteligentes e nos sugere um veículo de conhecimento com poder de escolhas.
O problema é que os praticantes da experiência humana, nós, pessoas comuns, limitamos nossa percepção, de forma que ficamos presos em alguns contextos familiares e não conseguimos fazer nada diferente daquilo que aprendemos na infância ou carregamos em memórias celulares de nossos antepassados. Ficamos “minimamente” na vida, e infelizes!
Ficamos presos lá, no nosso sistema de origem, com exigências, acusações, reclamações, mágoas e julgamentos aos nossos pais, ao nosso sistema de origem, na tentativa falida de mudar um passado que não muda, e seguimos escravos de lentes restritas entre o bem e o mal que sofremos, que funcionam como obstáculos a nos impedir de olhar e experimentar novas perspectivas, de enxergar novos significados para um mesmo contexto de amor dos pais. Em muitas situações temos razões para sentir o que sentimos, como abandono, medo, raiva, tristeza… mas se ficarmos emaranhados nessa consciência limitada da vida nunca poderemos alcançar a tal felicidade.
Por isso, se não mudarmos a lente das raízes que nos nutrem de expectativas, se não deixarmos para trás o passado que não foi como a gente imaginava, se não abandonarmos a expectativa dos contos de fadas para podermos restaurar nossa relação de forma conciliatória com os nossos pais, vamos pagar o preço da falta de confiança que nos conecta com a falta, em tudo e em todos. É por isso que a pessoa se sente sozinha, que falta amor, confiança, abundância, é por isso que as trocas se perdem e acabamos por encontrar o pouco, o escasso apenas e, até mesmo, nem todo o necessário para sobreviver.
Se sair de um emaranhamento sistêmico implica em ter coragem e disposição real para sair da zona de conforto que, ainda que seja desconfortável, é uma zona de conforto! Se libertar dos emaranhados exige assumir a própria responsabilidade por estar em uma situação disfuncional nos relacionamentos e começar a fazer as pazes com o passado, com o sistema de origem. Desemaranhar demanda REconhecer as sombras existenciais que estão gravadas na profundidade do inconsciente e que não se acessa mais. Viver livre de emaranhados significa incluir um espaço no coração para concordar com a família original, e as forças se moverão para curar e REstaurar o fluxo do sistema REequilíbribrado, levarão a encontrar o diamante de uma vida plena em relacionamentos salutares.
Quem me conhece ou acompanha a minha vida sabe que eu propago o que eu mesma vivo rotineiramente. Meu “servir” é ensinar as pessoas a se relacionarem de acordo com as leis sistêmicas naturais que existem nesse mundo de relacionamentos. Eu trabalho em prol de melhorar e incluir a filosofia sistêmica com fins terapêuticos na vida de inúmeras pessoas. O intuito é propagar o conhecimento sistêmico e, de alguma forma, mediar as representações dos seus relacionamentos para que elas possam perceber suas potencialidades escondidas em suas raízes, aquela força que temos para REstaurar a relação com os pais e a família de origem, o “ver a vida” de maneira diferente para conseguir fazer diferente, sabe?
Há situações em que realmente temos razões para reclamar do nosso passado e dos nossos pais, como eu mesma já disse aqui anteriormente, mas o impacto de nos mantermos emaranhados nessas dores e traumas nos causa muitas consequências nefastas, desproporcionais, mesmo! Veja bem, a própria formação da palavra já implica na sua consequência: “RE-clamar”, clamar ou chamar aquilo para si novamente! E quais são essas consequências nefastas, então? Medo, fracassos financeiros e relacionais de todo tipo, divórcios… Isso nos mostra, então, que o passado é maior do que o presente e não cabem arrependimentos, condenações, expiações… cabem apenas reverências, cabe apenas a gratidão pelo que possuímos. Assim, finalmente ficamos livres para construir no presente algo bom para o futuro, incluindo o passado com alegria.
Quando estamos enrolados, ou melhor, emaranhados em situações problemáticas, isso é um bom sinalizador que lhe falta perceber e aprender algo que está dentro de você sem transferir ilusoriamente o problema para outra pessoa que está fora de nós. Porém, toda solução tem seu preço e eu só acho, como diz meu primo, “só acho” que esse preço só não é maior do que o de encontrar a cura, a serenidade interior, e as verdades profundas que governam nossa existência. Não viver no passado significa REstaurar seu amor pela sua origem, assim é possível concentrar sua mente no foco do agora e alcançar a jornada que é sua, sem peso para navegar e tomar decisões que ressoem com a sua sabedoria interior, permanecendo o capitão da sua própria vida, traçando um curso abundante, único em propósito e autenticidade.
Desatar os nós dos emaranhamentos nos reconciliando com nosso sistema familiar nos proporciona ativar um modo inteligente de nos relacionarmos com nós mesmos, com os outros, com a nossa felicidade!