A Inteligência Sistêmica é uma abordagem terapêutica que busca revelar dinâmicas ocultas dentro dos sistemas familiares que interferem em nossas ações individuais, para que consigamos deixar de sofrer os efeitos destas relações disfuncionais. Pagamos um alto preço por, consciente ou inconscientemente, estarmos descontentes com nossas origens.
A origem é um fato, não podemos contestar sua importância para nossa vida. Podemos negar nossa origem, mas não podemos interromper ou modificar, ao nosso bel-prazer, o nosso vínculo a ela. Este é o fundamento da inteligência sistêmica. O seu futuro próspero necessita de origem. Conhecer a si mesmo significa tornar-se consciente de como as bases naturais relativas à origem atuam na vida do indivíduo e de seu grupo familiar.
Muitas questões emocionais e comportamentais que enfrentamos estão enraizadas em lealdades e padrões inconscientes herdados de nossos antepassados. Esta abordagem lança luz sobre como os relacionamentos afetivos podem ser influenciados por essas dinâmicas ocultas, trazendo tanto oportunidades de ressignificação quanto riscos invisíveis à primeira vista.
Os relacionamentos afetivos são profundamente impactados pelas histórias e dinâmicas familiares. Cada membro da família possui um campo de memórias, traumas e eventos significativos onde são armazenados. Este campo atua em seus comportamentos inconscientemente, moldando suas interações e escolhas afetivas.
Um dos principais conceitos da Inteligência sistêmica são as “leis naturais das relações”, que sugerem que há uma hierarquia natural nas relações familiares. Quando essa ordem é violada, seja por exclusão de membros da família ou por inversão de papéis (como uma criança que assume responsabilidades parentais), surgem desequilíbrios que podem se manifestar em relacionamentos futuros. Por exemplo, uma pessoa pode inconscientemente repetir padrões de relacionamento disfuncionais de seus pais ou avós, buscando resolver lealdades ocultas.
Um risco significativo nos relacionamentos afetivos, segundo a abordagem sistêmica familiar, é a repetição de padrões herdados. Esses padrões podem incluir atração por parceiros indisponíveis, relacionamentos abusivos ou a incapacidade de manter uma relação estável e saudável. Essas repetições são frequentemente movidas por uma necessidade inconsciente de “pertencer” ou “compensar” algo dentro do sistema familiar.
Outro risco é a “exclusão sistêmica”. Quando um membro da família é esquecido, excluído ou rejeitado, essa exclusão cria um vazio no sistema familiar que pode ser preenchido por um descendente. Este descendente pode, então, viver padrões de vida que não são seus, mas sim uma tentativa de reintegrar o excluído. Em relacionamentos afetivos, isso pode se manifestar como auto sacrifícios desnecessários, dificuldades de intimidade ou a sensação constante de não ser “suficiente”.
Apesar dos riscos, existe um caminho para a cura e a harmonização dos relacionamentos afetivos. Através desta visão, é possível revelar e reconhecer esses padrões ocultos, permitindo que os indivíduos os reconheçam e os liberem conscientemente. Isso pode resultar em uma maior percepção de si mesmo e dos outros, bem como na capacidade de formar relações mais saudáveis e autênticas.
Nos exercícios sistêmicos usados como ferramenta nas sessões terapêuticas, tudo acordado e planejado com o cliente, dinâmicas ocultas são trazidas à luz, permitindo a resolução de traumas e a restauração da ordem e do amor no sistema familiar. Este processo pode levar a uma transformação profunda nos relacionamentos afetivos, permitindo que os indivíduos se libertem de padrões antigos e se abram para novas possibilidades de conexão.
A Inteligência Sistêmica oferece uma perspectiva profunda sobre os relacionamentos afetivos, destacando tanto os riscos ocultos quanto as possibilidades de cura. Ao revelar e trabalhar com as dinâmicas inconscientes do sistema familiar, os indivíduos podem transformar suas vidas amorosas, rompendo ciclos disfuncionais e construindo relacionamentos baseados em uma conexão genuína e saudável. Reconhecer e honrar essas dinâmicas familiares é um passo crucial para a criação de vínculos afetivos mais equilibrados e satisfatórios.
