Inteligência Sistêmica Resenha

As leis do amor de Bert Hellinger

As leis do amor não foram inventadas por Bert, elas atuam naturalmente nos relacionamentos entre pessoas desde que o mundo é mundo, como, por exemplo, a lei da gravidade: não podemos vê-la mas ela existe em nossas vidas independentemente de nossa opinião, cultura, conhecimento prévio, crença ou aprovação. Assim, estamos sujeitos a estas Leis do Amor, não estamos imunes ao efeito que ela nos causa, quer reconheçamos isso ou não.

Cabe aqui explicá-las de forma mais simples possível para entendimento:

A primeira das Leis do Amor: o Pertencimento

O pertencimento de uma pessoa ao seu sistema de origem é gerado somente pelo vínculo criado. Quem pertence, pertence, e nada desfaz este vínculo, podendo este ser de sangue ou de destino.

Os vínculos de sangue são aqueles em que somos ligados aos nossos parentes diretos vivos ou mortos: nossos pais, filhos, irmãos, meio irmãos, tios, avós, bisavós, e assim por diante. Em resumo “sangue do seu sangue”.

Os vínculos de destino são aqueles em que pertencem as pessoas que geraram algum tipo de vantagem ou desvantagem existencial à família. São aquelas pessoas que salvam vidas de outros – médicos, bombeiros; alguém que doa uma herança que muda o destino da família; escravos; parceiros atuais e anteriores, nossos, de nossos pais, avós, bisavós, etc. 

Hellinger observou que temos uma consciência comum de clã, uma capacidade de cooperar com as nossas origens. Quando eu pertenço eu adoto as regras culturais, morais, éticas e religiosas do grupo, as crenças desse grupo e, assim, quando eu assumo estas regras teoricamente eu pertenço a este grupo, mas nem sempre isso funciona e, de fato, não pode haver exclusões por parte de pessoas por ter “violado” alguma destas regras, e esta “vaga” que ficou vazia, vai ser preenchida por alguém do sistema até que a pessoa seja reconhecida por seu lugar no sistema. Existe um amor profundo que liga os membros de uma família.

A segunda das Leis do Amor: a Ordem

É estabelecida somente pela hierarquia. Quem chegou primeiro, chegou primeiro, quem chegou depois, chegou depois. E nada que venha depois altera a ordem.

Décio de Oliveira Jr. e Wilma Oliveira sua esposa, com quem tive a honra de cursar treinamentos em constelação familiar, colocam muito bem em seu livro “Ema, ema, ema… cada um no seu quadrado” esta força atuante, poderosa e natural que, desde tempos passados imemoráveis, manteve a liderança e a coesão dentro de grupos humanos tribais e primitivos. A sobrevivência deste grupo em um ambiente hostil e repleto de predadores era algo permanentemente arriscado. Sendo assim, é evidente que aquilo que permitiu a sobrevivência de nossos antepassados foi, em primeiro lugar, sua coesão como grupo e sua atuação coordenada no ataque ou defesa coletivos. Podemos observar que a ordem hierárquica estável era um elemento imprescindível para a sobrevivência. Sem uma liderança clara e uma coesão do grupo os seres humanos não teriam chegado até aqui.

Essa ordem natural define, de alguma forma, as funções de cada indivíduo em sua família, ela não pressupõe obediência e sim precedência e respeito, e desse modo se sentem livres para se moverem em novas direções sem a pretensão de fazer melhor ou corrigir. Quando perturbada a ordem surgem compensações de certa natureza, geralmente caracterizadas por fracassos na exaustão de recursos físicos e emocionais.

A terceira das Leis do Amor: o Equilíbrio

O equilíbrio é estabelecido somente pelo dar e receber. Se alguém me dá algo ou me faz algo que me soma ou me fere, eu preciso retribuir um pouquinho mais naquilo que me soma e um pouquinho menos naquilo que me fere. Esta lei atua somente entre iguais, onde não há hierarquia, como nas relações de casais e de amigos,por exemplo.

A necessidade do equilíbrio é facilmente percebida: se recebo algo de alguém me sinto pressionado a devolver e, portanto, essa Lei é fundamental para que o amor dê certo nas relações entre  iguais. Podemos perceber que, naquilo que acrescenta o amor, que normalmente chamamos de positivo, há uma tendência de dar um pouquinho mais, isso reforça a troca e o amor entre o casal, surte um “bom” efeito.

Mas o que ocorre quando o parceiro fere o outro, numa dinâmica negativa e subtrai do outro ou da relação de casal? O que se observa é que a pessoa ferida fica de consciência leve e a que fere fica de consciência pesada! Neste contexto, é preciso que haja uma compensação por parte de quem foi ferido, para que se restabeleça novamente o equilíbrio da relação.

Vale ressaltar que este “troco” não é uma vingança, é uma compensação. Na vingança a pessoa sempre quer ferir mais que o outro, entrando assim numa competição de quem vai destruir o outro primeiro, e a relação fica condenada ao fim com muita dor e sofrimento.

Como as leis do amor podem impactar a vida das pessoas?

As leis do amor podem impactar a vida das pessoas de uma forma positiva, bem como de uma forma negativa. Isso significa que todas as pessoas que pertencem ao sistema familiar têm que ter um lugar, ser reconhecidas e lembradas, independentemente de suas ações, bem como todos que possuem algum vínculo de destino. Dessa maneira, se estas leis forem respeitadas e todos os integrantes honrados, o indivíduo não terá nenhum efeito prático existencial, pelo contrário: terá a força de seus ancestrais, completos, com um destino mais leve e uma vida mais fluida no amor.

A ordem, quando preservada, define as funções dentro do grupo: os membros posteriores não se metem em assuntos, sentimentos, culpas, feitos e faltas dos anteriores. Respeitam o que foi feito, são gratos pela sua própria vida, independentemente de como foi a vida dos seus ancestrais. Então, se sentem livres, sem pretensão de fazer melhor ou corrigir o passado. Muitas vezes aproveitam a experiência do passado, pois a observam sem julgamentos, sabendo que determinadas atitudes e contextos levam a determinados resultados, e compreendendo que qualquer um está sujeito a repetir alguns comportamentos. Ao contrário disso, levaria a pessoa a lealdades invisíveis que podem levá-la a colocar seu potencial em risco, assumindo coisas que não consegue manejar.

E, por fim, se a lei do equilíbrio entre o dar e o receber for devidamente respeitada, quando um precisa mais, o outro lhe supre e vice-versa, a troca é reforçada, somando as forças o crescimento é exponencial! 

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